Quando eu era criança, achava podre de chique quem tinha livro de cabeceira.
Na escolinha municipal que eu estudei, do primário até a quarta série, a professora Eunice sempre tinha um livro pra ler na hora do intervalo.
Ela chamava de “livro de cabeceira”.
Eu não entendia essa expressão, mas já achava super sofisticado - mesmo nem sabendo a sensação de qualquer coisa sofisticada, né, eu tinha 11 anos.
Lembro de ver pela fresta da porta, a professora sozinha na sala, com os óculos de grau na pontinha do nariz e uma mão no queixo.
Nossa, era chiquérrima.
⭐ Por causa disso, eu carregava comigo a fanfic de que a Eunice era rica (não, eu não sabia quanto ganhava um professor), super intelectual e muito, muito superior aos outros professores. ⭐
Mesmo que o livro fosse Sabrina: Sortilégio de Amor. E daí?
Quando a gente entrava de volta na sala - calmos e silenciosos como uma rebelião no Carandiru - a professora tranquilamente fechava o livro; se levantava, sem pressa, apoiava o quadril na calha da lousa e esperava.
Muito.
Eu me sentia tão constrangida pelo barulho e pela bagunça, que os meus gritos se confundiam com a zona da quarta série: “senta aí, gordinho”, “cala a boca, fulana”, “a professora quer falar, seu burro” - eu ainda não falava palavrão, não queria decepcionar a sôra 🌹
Hoje em dia, a escolinha já até mudou de nome.
Infelizmente, fiquei sabendo por uma colega dessa mesma escola, que a professora Eunice faleceu já tem uns anos.
Na época, eu era muito criança pra entender que saber o nome completo dela seria tão importante pra mim.
Eu poderia ter encontrado seus filhos em alguma rede social, e talvez até falado todas essas coisas antes que fosse tarde.
Mas de qualquer forma: valeu por tudo, prô. ❤️
Hoje é dia 30 de setembro.
É bem provável que várias coisas legais aconteceram nesse dia, em outros anos.
Mas hoje, eu só quero te lembrar que a vida não espera você arranjar um tempinho, um espaço na agenda.
Se você tem alguma coisa boa pra dizer pra alguém (ou alguéns), faça isso hoje.
Vai por mim.
💅 Ai, como ela é debochadah
A lutadora Ailín Pérez atualizou as definições de deboche com (in)sucesso.
Depois de dar um salve na adversária, a lutadora argentina achou que fosse de bom tom REBOLAR na cara da oponente Darya Zheleznyakova (gente, como que fala isso?).
Bem escrota e sem noção, Ailín venceu a UFC Fight Night, mas enfiou a vitória no lixo ao humilhar a adversária russa.
Agora, vamos falar como essa moça tem A LATARIA TODINHA do Rodox?
🕵️ Tem iPhone, mas não tem reboco na parede, né?
Quem disse que nunca falou essa frase, depois de ver aquela pessoa com o último telefone da maçã e a parede caindo aos pedaços atrás, tá mentindo.
Um iPhone 16 Pro, o mais novo, tá custando R$ 10.499.
Com essa grana, você reboca a parede, compra um celular bom e ainda manda a Ailín dar outro salve com rebolada em quem fala mal de você.
Uma pesquisa recente divulgou que a gente, brasileiro assalariado, precisa trabalhar por cerca de 68,6 dias pra conseguir comprar o bichinho.
Mas é claro que a pesquisa tá nem aí pra vida real.
Se a gente for falar sobre quantos dias trabalhados o brasileiro realmente precisa, seria algo ali entre perto da morte aos 98 e já enterrado aos 99.
Nem precisa aprofundar nessa conta:
💸 Lembra do salário mínimo
💸 Bota aluguel, mercado e contas nessa lista
💸 Com filho, triplica tudo o que contou aí em cima
💸 Com parente dependente, quadruplica e soma +30
A gente só compra iPhone porque é teimoso e não tem medo de nada.
Poder mesmo, ninguém pode.
Voltando que interessa:
Prô Eunice me deixou o legado do livro de cabeceira. Qual é o seu?
Amanhã tem mais.
Amei saber a história da sua professora! Suas crônicas no começo de cada news são muito preciosas. Eu to retomando o hábito da leitura e para isso, estou lendo habitos atômicos do James Clear, é meu livro de cabeceira atual! =)