Depois da edição da semana passada, um pessoal me mandou mensagem querendo saber a história do meu instrutor do PROERD. Antes de contar, acho que você precisa de contexto ***como se isso fosse deixar o caso menos chocante*** mas pelo menos vai te posicionar melhor no cenário.
Pra você que estudou em escola de boy, PROERD significa Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. Na época, eles mandavam dois policiais pra serem nossos instrutores seguindo a ideia de policial bom, policial mau:
O policial bom era o cara que conversava com a gente, perguntava sobre a nossa família e até sorria, de vez em quando;
O policial mau era o que ficava na porta, empunhando um fuzil, deixando bem claro o que aconteceria se a gente tentasse cabular aquela aula.
E não pense você que não tinha criança pilantra numa escolinha de ensino fundamental I e II. Por ser uma das poucas escolas bonitinhas e de boa fama no bairro, as mães se estapeavam por uma vaga pro filho - sim, muito moleque tinhoso vinha nesse meio.
Mas quando eu digo boa fama, calma.
Isso quer dizer que a gente não usava crack no pátio e nem ameaçava as professoras com estilete enferrujado. De resto, tinha de tudo:
Meninas grávidas “sumindo” no meio do ano letivo pro Conselho Tutelar não arrancar da família;
Diretora bancando a merenda que a prefeitura desviava da escola;
E no meu último ano rolou até uma perseguição policial com tiroteio, pois EXCELENTE IDEIA começar um confronto na frente de uma escolinha cheia de crianças em que a janela da sala dava direto pra rua.
No dia do combo revólver + pino de coca,
a professora Eunice ficou passada de medo, já que o PM chegou colocando a arma na mesa e tirando a munição. Não, ele não tomou o cuidado de tirar a munição antes de debruçar o cano numa mesinha que ficava na altura dos nossos olhos.
Depois de esvaziar o tambor como quem tira amendoim do saquinho e deixar aquele negócio bem na nossa frente, ele pediu pra que fizesse fila quem quisesse mexer na arma.
É claro que eu fui.
Mas engraçado… não parecia com nada do que eu imaginava. Era pesada, gelada e meio desengonçada na minha mãozinha de 13 anos de idade acostumada a manusear a Barbie Tropical e controles de Playstation 1.
Na hora do pino, o cara simplesmente sacou uns 20 de dentro do bolso e colocou na mesma mesa. Todos vazios, com a tampa aberta, então não tinha cara de droga. Parecia mais um dos tubinhos que a gente via quando a professora trazia sementinha pro jardim.
Daí corta pra mim de queixo caído, olhos arregalados e medo até de respirar errado.
O surpreendente - e triste - foi notar que algumas crianças da minha sala não se impressionaram com aquilo. Até hoje, lembro de uma vozinha misturada às outras vozinhas falar sobre o revólver “nossa, é igualzinha a do meu irmão.”
E a outra coisa muito mais surpreendente é que, até hoje, ninguém teve a mesma experiência que eu tive no PROERD. Todo mundo acha loucura e diz que nunca viu nada parecido.
Afinal, é como diz a primeira estrofe do hino de Itaquaquecetuba: quem não aguenta, vai pra Arujá.
Sabe quando você precisa comer na casa de alguém e precisa fingir naturalidade quando ela limpa o nariz no pano de prato?
O Buzzfeed selecionou alguns desses momentos e eu peguei os 4 “melhores” pra você dar graças a Deus aos hábitos brasileiros:
E um bônus do que já aconteceu comigo:
Um ex-namorado tinha uma gaveta que ele nunca abria, do armário da cozinha. Um dia, eu fui procurar por um mixer que ele tinha acabado de comprar. Fucei a cozinha toda e só sobrou a gavetinha excluída. Quando abri, várias sacolas de mercado pularam pra fora e eu pensei “ok, ele socou várias sacolas aqui e ficou com preguiça de arrumar.”
Quando fui fechar a gaveta, senti que alguma coisa emperrou na parte de trás. Sabe quando a situação te diz NÃO CONTINUA, VAI DAR MERDA, e mesmo assim você faz?
Abri a gaveta até o fim e notei que o mixer tava lá, enrolado em várias sacolinhas.
Inocente como a doce camponesa que sou, comecei a desembalar o mixer achando que ele estivesse ali esquecido… mas limpo. Só que ele não tava só usado, gente.
Conforme eu tirava as sacolas, larvas e moscas começavam a sair pelas laterais do plástico e eu, com ânsia de vômito e horror, joguei com tanta força aquela desgraceira na pia que pedaços de comida podre voaram pra cima.
Um bolo bege e marrom se formou na lâmina do mixer e meu ex, com a maior naturalidade do universo, deu risada e disse:
“Ah… minha irmã é fod#, ela usa as coisas e deixa aí.”
COMO ASSIM, IRMÃO?!!!!!
Essa história até hoje é entretenimento de qualidade em todas as reuniões de família.
…mas você não pode dormir sem saber que:
Mulher conta como sua família todinha se viciou pesado no jogo do Tigr1nh0. Spoiler: ela sozinha movimentou cerca de 30 mil no app.
Por que as músicas antigas parecem melhores ou “descubra a razão de você ser um véio chato”: vale muito a leitura.
Tinha tudo pra ser uma lista idiota, mas juro que é boa: 8 jeitos esquisitos de usar os seus eletrodomésticos.