“Nossa, mas ela é metida a engraçadinha, né?”
Disse o cara mais sorvete de isopor que eu conheci na vida.
Pra não espalhar o nome e consequentemente dar alguma atenção além do deboche, é melhor não revelar que eu tô falando do Lucas Fernandes que mora na Vila Buarque, ali bem na esquina da bicicletaria de parede grafitada, número 118. Tem um semáforo quebrado na frente.
Lucas é o homem que usa camisa social 3 numerações mais justa que o ideal.
Seu abdômen de galinha inchada deixa buracos entre os botões e não, ele não coloca camiseta por baixo.
Pra iluminar nosso dia, ele torna possível e muito fácil o acesso a sua barriguinha rosada de bebê reborn. Afinal, Lucas não tem segredos. Todo mundo pode e precisa ver partes de seu corpo: cobiçado como um sacão aberto de cimentcola 20kg esquecido na chuva.
Lucas é do tipo que cutuca o seu braço com o cotovelo quando solta uma frase racista - em voz baixa, é claro, porque burro e besta não são sinônimos.
Daí ele ri muito, pra você ver como sua personalidade questiona a censura (mas só no modo avião). Lucas fala em liberdade de expressão quando alguém bota uma pedra no gêiser de chorume ácido que ele solta sempre que faz uma piada.
“Aff, vou falar mais nada também.”
Mas falou.
Falou, infelizmente pra ele, perto de uma pessoa que me traz fofoca como quem traz órgãos saudáveis pelo helicóptero das Forças Armadas: nem sempre na hora certa, mas muito, muito rápido.
Lucas disse que eu sou metida a engraçadinha.
Diferente da mensagem dessa edição aqui, Lucas, destemido como toda pessoa que fala pelas costas, não me acha engraçada. Ele me acha metida a engraçadinha. E se você, que tá lendo agora, é mulher, isso soa especialmente amargo pra você.
Só a gente sabe.
Quando um cara quer te diminuir, ele não se permite te odiar pelo que você é.
Ele busca te odiar pelo que você pensa que é.
O cubo de gelo que flutua dentro do crânio dele demora, mas quando funciona, se pergunta:
“Como assim, mais engraçada que eu?
Mais inteligente que eu?
Melhor que eu?”
Naquele cupinzeiro que ele chama de cabeça, a gente não merece um banquinho na categoria ~Humor e Piadas~.
Ah, se bota no seu lugar, garota.
Quem você pensa que é? Um homem qualquer?
Mas então,
a edição de hoje não tem notícia e nem links legais, mas tem recomendação de filme.
Ufa, sair da tela do notebook pra entrar na tela da televisão, graças a Deus 🙏🏻
Shame
A vida de um compulsivo muda totalmente quando a irmã xarope tenta se mudar pra casa dele.
Eu vou odiar esse filme se: for bobão quinta série com cenas de nudez.
Onde assistir: Amazon Prime
Batem à Porta
Um pessoal meio cinco e trinta da cabeça entra na cabana de um casal, dizendo que o apocalipse tá quase aí - o final é muito bom.
Eu vou odiar esse filme se: tiver menos de 6 neurônios porque não tem nada subentendido, é bem óbvio.
Onde assistir: Netflix
Round 6, III temporada
A mesma coisa de sempre, série pra assistir fazendo a janta, piriri pororó.
Eu vou odiar esse filme se: odeia o que tá no hype e finge que entendeu Donnie Darko.
Onde assistir: Netflix
Detesto os Lucas da vida
Que pancada esse texto! Muito bom (e boa recomendações)!