eu roubei um deficiente físico dentro da empresa
boris johnson, nobel safado e meu primeiro sutiã #30
Gente, hoje é 11 de outubro.
Dia Nacional do Deficiente Físico.
Aí cê se pensa “tá bom, agora ela vai falar que também tem uma história sobre isso”.
Dessa vez, eu não tenho uma história.
Eu tenho duas.
Mas como o Substack tem um limite muito baixo de caracteres - bora mudar isso aí -, eu vou contar só uma:
Quando eu trabalhava naquela empresa de serviços gerais que um dos sócios foi preso, às vezes, eu chegava no mesmo horário do pessoal da limpeza.
Fiz amizade com a Rosaninha, uma senhora que segurava um batom vermelho-danada como ninguém.
Ela era da equipe de limpeza dos escritórios do andar de cima, bem onde eu ficava.
E eu, como qualquer pessoa criada pra ser útil na vida, ao final da faxina ajudava a Rô a levar os rodos e vassouras pro quartinho dos equipamentos.
Como o escritório era enorme e a equipe de limpeza também, a gente descia mais ou menos 10 vassouras por vez - chutando baixo.
Num dia normal, joguei horas de conversa fora enquanto ela lustrava a mesa de um dos sócios com óleo de peroba sabor lavanda.
Já quase saindo a tinta da madeira, perguntei:
“Ué, tem visita hoje?”
A gente só caprichava no escritório quando tinha visita de gente mais rica que os donos importante. E ela:
“Num sei quem é, mas mandaram deixar tudo brilhando. Quando é assim, tem visita.”
Dei a mesma importância que daria pra quem se ofende com meus posts do LinkedIn: zero.
Depois de 1 hora, mais ou menos, a movimentação da equipe de limpeza me acordou pra realidade fora do meu Candy Crush: é hora de levar as vassouras pro andar de baixo.
Eu, quase nada distraída, não percebi que o escritório já tinha lotado de funcionários e algumas pessoas que eu nunca vi por lá.
Mas se ninguém me avisou nada, nada tem a ver comigo, pensei.
Apesar do pensamento egoísta e mesquinho prático, fui ajudar o pessoal a catar os equipamentos antes que os sócios golpistas chegassem.
Rapidamente, saí juntando rodo, mop, flanelinha, e antes de descer, abracei um aglomerado de vassouras que alguém tinha deixado num canto.
Desci as escadas com pressa pra voltar, já que nesse tempo, eu ainda sofria as mazelas do trabalho 100% presencial em empresa arrombad*.
Antes de chegar, vi que tinham colocado a rampa de acessibilidade na entrada do prédio. Mas sabe quando você vê mas não enxerga? Eu sou medalhista nisso.
Cheguei suando e quase sem ar no quartinho da limpeza.
Rosaninha, atrás de mim, também tava sem ar.
Mas era de tanto rir.
Da minha cara.
Isso porque, quando coloquei as vassouras no chão, duas muletas caíram do monte - alguém sabe o coletivo de vassoura?
Na hora, eu não entendi nada e ela também não.
Mas uma coisa dessa, não precisa de muita sinapse pra entender:
Eu roubei as muletas de alguém.
O interfone do almoxarifado tocou e minha alma se esvaiu.
Do outro lado, alguém perguntava com a mesma calma de um pinscher num dia bom: COMO QUE LEVARAM AS MULETAS DO SEU PAULO NOGUEIRA EMBORA?
O contexto?
Bom, Seu Paulo Nogueira era o maior acionista da empresa.
Ele que segurava aquela porcaria de não virar vergonha nacional - spoiler: até que funcionou, viramos uma vergonha municipal.
E quem levou as muletas de volta?
Rosaninha, com toda a maturidade e jogo de cintura que eu jamais terei nessa vida.
Vocês vão dizer: mas Seu Paulo não era deficiente físico, Seu Paulo ESTAVA deficiente físico.
Mas não deixa de ser uma boa história.
Por favor, não me cancelem.
🗣️ Boris Johnson falou too much
Em seu livro Boris Johnson: Unleashed, o ex-primeiro-ministro foi grandão ao falar do estado de saúde da Rainha Elizabeth II, no seu último encontro com ela:
Ela parecia pálida e mais encurvada, e tinha hematomas escuros nas mãos e nos pulsos, provavelmente de soro ou injeções.
Só que a Família Real tá até agora chiando por causa desse trecho do livro, dizendo que Johnson foi muito “gráfico” ao comentar sobre a aparência da Rainha.
Mas a mulher com 96 anos, cês querem o quê?
Que ela chegue de salto alto fazendo polichinelo?
E tem outro ponto: no atestado de óbito, ficou registrado que a Rainha morreu de velhice. Só que num trecho anterior do livro, Boris Johnson diz que ela tratava um câncer nos ossos.
Tão escondendo coisa, seus monarca safado.
O mundo tá tão maluco, que tá me obrigando a concordar com um cara que não penteia o cabelo.
🐶 Lattes que eu tô passando
Que Deus me perdoe, mas eu não podia deixar essa passar.
Se você já fez faculdade ou conviveu com quem fez, sabe que o Lattes é o santuário dos acadêmicos.
O site é tão bom, que não tem rede social dentro dele.
Você carrega seu currículo, suas premiações, seus trabalhos e não tem ninguém pra encher o saco com fanfic corporativa.
🧠 Mas você já se perguntou de onde vem o nome Lattes?
A plataforma foi nomeada em homenagem a um dos maiores físicos do Brasil: Cesare Mansueto Giulio Lattes.
Como você sabe que eu amo dividir o assunto em tópicos, vou separar o que existe de mais curioso e interessante sobre a vida dele:
💡 Cesare se formou na USP, em Física e Matemática.
💡 Ele conseguiu fazer descobertas inéditas sobre subpartículas que unem o núcleo com o átomo. Em 1946, foi brilhar na Inglaterra.
💡 Entre 1949 e 1954, Lattes recebeu ao todo SETE indicações ao Nobel de Física.
💡 NÃO GANHOU NENHUMA.
Sobre não ter levado nenhum Nobel pra casa, Lattes diz:
"Em Chacaltaya, quando descobrimos o méson-pi, se publicou: Lattes, Occhialini e Powell. E o Powell, malandro, pegou o prêmio Nobel pra ele. Occhialini e eu entramos pelo cano. Ele era mais conhecido.”
Se você achou que ele ficou magoado, achou errado.
Em 2005, Lattes falou novamente sobre o Nobel e se o fato de ser brasileiro influenciou na escolha da comissão:
“Apesar de a comissão julgadora ser formada por ingleses, acredito que não foi minha nacionalidade que pesou na decisão do vencedor. […] Mas deixa isso para lá. Esses prêmios grandiosos não ajudam a ciência.”
Apesar de tudo, você é nosso Nobel da Ciência Todinha, Lattes. ❤️
👙 Meu primeiro sutiã inclusivo
Se você não lembra da propaganda “Meu Primeiro Sutiã”, provavelmente sua geração tá no purgatório entre 25 e 35 anos de idade - quando a gente não tem ideia do que fazer com a vida.
Mas o pessoal que nasceu um pouco antes, lembra muito bem do comercial da menina provando um Valisère na frente do espelho, lá em 1987:
Numa ação MUITO acertada nesse Outubro Rosa, a marca lançou um sutiã especial pra mulheres que passaram por mastectomia devido ao câncer de mama.
Os modelos foram desenvolvidos usando como base o feedback de pacientes do Hospital Sírio-Libanês, tendo:
👙 Alças largas
👙 Entradas pra drenos e fechamento frontal
👙 Cores coringas como branco, azul-marinho, bege e pink.
Qual é a MELHOR PARTE dessa ação?
❤️ Cerca de 500 peças foram doadas ao hospital ❤️
Podia ser mais, né? Podia.
Mas é assim que se começa.