boazinhas e otárias futebol clube
sorrir pra câmera, o homem do mosquito e olho azul em gente feia
Na cidade do Cada Um Por Si e Nenhum Por Todos, é normal se sentir deslocada, como eu quase sempre me sinto.
Moro na mesma rua de uma moça que frequenta a mesma academia e o mesmo mercadinho que eu. Falta dedo nas mãos pra contar quantas vezes eu disse “boa tarde” e fui ignorada por ela.
Daí você se pergunta se eu aprendi e parei de falar. É claro que não.
Saindo do mercado, percebi que ela tava embaixo do toldo, esperando a chuva passar. Uma chuva que tinha começado às 9 da manhã e não tinha parado, desde então. Será que pararia, magicamente, pra ela chegar com suas sacolas em casa?
Numa última tentativa (eu juro) de ser legal, ofereci uma carona no meu guarda-chuva gigante. Fiz isso porque é quase um deboche você abrir uma tenda de circo dessa, e não oferecer um cantinho pra quem tá desprotegido.
Mas sabe quando você solta a frase, e vai se arrependendo lentamente, mas seria estranho parar de falar do nada?
Terminei a pergunta, ela tirou os olhos do celular e me encarou como se eu tivesse oferecido um cachimbo de crack.
Ela disse não, mas é claro que o “não” não veio acompanhado de um “obrigada”.
Aí seria pedir demais.
Depois de tudo isso, eu poderia me ofender e parar de tentar ajudar os outros. Mas alguém, uma vez disse, que as pessoas só oferecem o que têm dentro de si.
Tá certo.
Da próxima vez, vou empurrar ela pra poça d’água e chutar o celular pro meio da avenida. Aí ela vai ter motivo pra me olhar torto.
😁 Sorria, você está assistindo Sorria
Se você não gosta de tecnologia e tem medo do que ainda pode surgir disso, relaxa. Não vou falar de nenhuma esquisitice ~disruptiva~ financiada por qualquer Elon Musk xarope por aí.
O filme Sorria, de 2022, conta a história de uma médica que sofre uma maldição depois de testemunhar uma morte bizarra em seu consultório. Eu achei meio fraco, mas só porque tô acostumada a filmes que você só acha na deep web.
A parte 2 do filme foi lançada no dia 17 de outubro deste ano, mas se você não viu nos cinemas, tá tranquilo. Você pode assistir aos primeiros sete minutos do filme, desde que sorria pra sua webcam.
Achou estranho? Fica pior.
Você precisa sorrir
O
TEMPO
TODO
senão, o filme trava.
Quer testar?
Relaxa a musculatura do rosto, se concentra, entra no site e abre esse sorrisão bonito que o filme já vai começar.
🪰 Muito além do cara da doença do mosquito
A morte do sanitarista e infectologista Carlos Chagas completou 90 anos, mas ele não foi só o cara da Doença de Chagas. Coletei 4 fatos sobre o médico que, por causa do sonho da mãe, quase virou engenheiro.
1️⃣ Homenagem de cientista é meio diferente…
Carlos Chagas homenageou Oswaldo Cruz - nome do instituto que entregou tudo durante a pandemia de Covid-19 - ao batizar o protozoário da Doença de Chagas, Trypanosoma Cruzi. Chagas assumiu o comando do Instituto Oswaldo Cruz após a morte do cientista.
2️⃣ …mas ele também foi homenageado
Um monumento na Praia de Botafogo foi construída em sua memória, de autoria do escultor Modestino Kanto.
Além disso, um município do estado de Minas Gerais recebeu seu nome, e cédulas de Cruzado circularam com sua imagem durante a década de 80. Ah, e A Casa da Cultura de Oliveira, em Minas, leva seu nome.
3️⃣ Fim da Malária
Oswaldo Cruz recrutou o médico pra acabar com o surto de Malária que castigava os trabalhadores da Companhia das Docas do Estado de São Paulo, lá em 1905.
Ele descobriu que os esforços deveriam ser direcionados ao combate contra o mosquito que causava a doença. Depois disso, o mundo todo passou a usar seu método como exemplo.
4️⃣ Injustiçado, tá?
Igual nosso amigo Lattes, o médico também foi injustiçado.
Chagas foi duas vezes indicado ao Nobel de Medicina, em 1913 e 1921. Se você perguntar pra qualquer cientista brasileiro, ele vai responder que o médico não foi laureado por conta do prestígio exagerado que o comitê dava aos pesquisadores europeus e dos Estadusunidis.
Na primeira vez, ele perdeu para o francês Charles Robert Richet. Na segunda, o prêmio não foi entregue.
Sacanagem.
🧿 Igualzinho feriado no domingo
Dizem que olho claro em gente feia é igual a feriado no domingo: serve pra nada.
No caso dessa notícia, o olho claro serve pra deixar o bicho ainda mais exótico - e amedrontador, já tô avisando.
Pescadores da região de Vlorë, na Albânia encontraram um animal inesperado. Mas também, quando você chega a 200 metros de profundidade, não é bem um vira-lata caramelo que cê vai achar lá embaixo, né?
Eles encontraram um tubarão com uma coloração inteira pálida. O que diferencia o bichinho é o leucismo, uma condição genética que deixa a pele branca, mas preserva a cor dos olhos.
De acordo com alguns especialistas, o leucismo é raríssimo entre bichos dessa espécie, e pode ter causas variadas como mutação genética, exposição a poluentes e desequilíbrios hormonais.
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antes de acabar, você precisa saber:
📉 Essa newsletter é leitura obrigatória pra quem acha que o mundo é feito de vencedores. A Nati Pegoraro fala de fracassos de um jeito como você nunca leu antes.
🏆 Uma não, duas. Depois de 28 anos, os Beatles voltam a ser indicados ao Grammy por “Now and Then”, escrita por John Lennon.
🌹 Pra quem é de São Paulo: a Casa das Rosas tá aberta e brilhando. Não precisa agendar, a visitação é gratuita e o pátio com vista pro jardim é impressionante.
Thaís, sou IGUAL! Tem uma vizinha que não cumprimenta de volta e eu simplesmente NÃO ME CONFORMO. Se acontecesse a cena do mercado comigo a vontade de empurrar na poça seria a mesma. Ó-DI-O. Mas não paro de dizer bom dia, boa tarde, boa noite.